Nós, o Povo
CONTAGEM PÚBLICA DE VOTOS
Nenhum concurso público recebe tanta atenção como as eleições periódicas do nosso calendário eleitoral. Entretanto, o preenchimento dessas vagas se dá em concursos com diversas falhas, a começar pelo poder dos donos dos partidos, ao excessivo volume de recursos públicos colocados nas mãos dos atuais detentores de cargos, pelos benefícios desiguais que recebem os servidores públicos que podem se licenciar de seus cargos e continuar recebendo normalmente. Não há nas eleições as condições de igualdade que um concurso público exige.
Além disso, o processo eleitoral também tem seus defeitos. A continuidade de eleições sem que se tenha um voto físico para servir de prova alimenta discussões desde a introdução do sistema de urnas eletrônicas. O então deputado Roberto Requião, ainda na década de 90 propos que os votos fossem impressos. Tres leis já foram aprovadas nesse sentido, mas todas foram anuladas a posteriori pelo TSE ou pelo STF. Como resultado, as discussões acirradas após cada processo eleitoral persistem e nem as Forças Armadas conseguiram fazer a auditoria em 2022 como estava previsto, e seu relatório deixou claro que faltaram elementos para haver um laudo conclusivo.
Relevante também no processo eleitoral é que a contagem pública seja feita o mais descentralizado possível. Se já temos os Boletins de Urnas (BU) disponibilizados na internet minutos após o encerramento das votações (17 horas), quanto mais descentralizado for menos tempo demandaria a contagem e conferencia dos votos de cada seção.
Enquanto as falhas diversas citadas acima dependem de aprovação de leis para serem corrigidas, a apuração e totalização dos votos é matéria administrativa, e para mudar isso basta que cada voto seja impresso e cada voto seja contado em público, dando ao ato a transparência suficiente para calar qualquer crítico dos resultados eleitorais.
